segunda-feira, 25 de maio de 2015

Projeto Ponto e Virgula


 O ponto e virgula é usado quando o autor poderia ter escolhido terminar sua frase. O autor é você é a frase é a sua vida.
Junte-se ao "the semicolon project" (projeto ponto e virgula) e à milhares de pessoas, num esforço de aumentar a consciência pública de problemas como: Depressão, Ansiedade, Automutilação e Suicídio.
Desenhando um ponto no seu pulso, você está fazendo uma promessa a si mesmo ou qualquer um que conheça que tenha depressão, ansiedade, pratica Automutilação ou tenha pensado/ tentado suicídio, e ajude nossos amigos, familiares ou colegas a saberem que estamos juntos no esforço de lutar contra o estigma que está atrelado a qualquer trastorno de saúde mental.
Juntos podemos salvar uma vida!
www.thesemicolonproject.com


Fonte;https://instagram.com/p/1jC82eSykr/


sexta-feira, 27 de março de 2015

Automutilação


Automutilação refere-se a comportamentos onde demonstráveis feridas são auto-infligidas. A maioria das pessoas que se automutilam estão bastante conscientes de suas feridas e cicatrizes e tomam atitudes extremas para escondê-las dos outros. Eles podem oferecer explicações alternativas para suas feridas, ou tapar suas cicatrizes com roupas. A pessoa que se automutila não está, usualmente, querendo interromper sua própria vida, mas sim usando esse comportamento como um modo de cooperação para aliviar dor emocional e desconforto.

Perfil do automutilador

O auto-mutilador tende a ter grandes dificuldades para se expressar verbal ou emocionalmente, portanto, não consegue falar publicamente sobre suas angústias nem chorar diante de outras pessoas. Essa dificuldade de expressão acaba, em muitos casos, sendo um forte fator que desencadeia o comportamento auto-mutilador. Alguns indivíduos afirmam que escrever (textos, poemas, contos, músicas, etc.) lhes parece de grande ajuda, como uma forma de expressar suas emoções, o que não conseguem fazer de outras formas. Desse modo, a necessidade de se automutilar diminui significativamente.
Não possui amor próprio e usualmente define a si mesmo como sendo "um lixo humano, uma criatura insuficiente e fracassada, que não tem direito de conviver com os demais". Desse modo, alguns tendem a se afastar da família e dos amigos, buscando poupá-los do mal que presumem ser a sua presença. Com o tempo, se veem executando sozinhos atividades que costumavam fazer em grupo.
Geralmente afirmam automutilar-se com a intenção de interromper uma dor emocional muito forte. A maioria alega se tratar "de uma espécie de troca, da dor emocional pela dor física". Além disso, vários automutiladores se ferem também como uma forma de punição, por se sentirem insuficientes e fracassados. Todos eles descrevem o desejo automutilador como algo incontrolável, como um vício do qual, ainda que queiram, não conseguem se libertar.
Logo após uma crise, em que o automutilador fere o próprio corpo ou apresenta qualquer outro comportamento autoagressivo, o sentimento que permanece é, geralmente, de culpabilidade. O indivíduo geralmente chora muito e a sensação de fracasso é extrema.
Possui extrema dificuldade em falar sobre si mesmo, principalmente sobre a doença, pois tem medo de não ser aceito, julgado ou incompreendido, pois a grande maioria das pessoas que não passam pelo mesmo não compreendem este comportamento e/ou a sua origem.
Constantemente se descobre buscando feridas ou cicatrizes nos pulsos de outras pessoas, talvez como uma forma de não sentir-se tão só ou de tentar ajudar essa pessoa, pois sabe o quão mau é não ter ninguém que o ajude e compreenda.
Alguns abandonam qualquer tipo de atividade em que seja necessária a exibição do corpo, como ir à praia ou a um clube, para que suas feridas e cicatrizes permaneçam ocultas e, desse modo, não tenham que falar sobre o problema nem corram o risco de serem impedidos da prática.
Não possui qualquer expectativa com relação ao futuro, pois se considera incapaz de alcançar qualquer coisa realmente boa - razão pela qual se surpreende muito quando alcança grandes feitos, como passar no vestibular ou conquistar o amor incondicional de alguém que lhes interesse. Ainda que acontecimentos do gênero lhes sejam de grande benefício, não são o bastante para que abandone as práticas autoagressivas, o que faz com que retorne à mesma falta de expectativas a respeito da vida.
Quando o indivíduo consegue superar a doença, o primeiro problema com que se depara é a sensação de vazio. Muitos ex-automutiladores afirmam que se tornaram incapazes de qualquer sentimento comum ao ser humano, como ódio, raiva, indignação, medo, insegurança, alegria, amor, etc. Sentem-se apáticos e desinteressados com relação a qualquer assunto que os rodeie. "Se alguém morresse ao meu lado, eu não daria a mínima" é uma sentença que bem traduz esse estado de espírito. Tal sensação tem sido observada em vários indivíduos, porém, não se estende por muito tempo. Ainda que tenha alguma recaída, o ex-automutilador tende a sentir cada vez menos falta do comportamento autoagressivo e com o tempo, o abandona completamente.
Embora os automutiladores acreditem que sua prática faz com que passe a dor emocional (ex. ódio, raiva, medo, culpa, etc.), essa é uma impressão falsa. O que ocorre é que a dor emocional é suplantada momentaneamente pela dor física. Quando perguntadas por familiares ou amigos, muitas pessoas respondem não saber por que fazem isso.
Os automutiladores, no geral, sentem compaixão por outras pessoas na mesma situação e tentam ajuda-las, muitas vezes querendo que outros parem com este comportamento mesmo que o pratiquem também.

fonte; http://pt.wikipedia.org/wiki/Automutila%C3%A7%C3%A3o


quinta-feira, 26 de março de 2015

Entrevista com o psicólogo Darlindo Ferreira De Lima.

Por alguns pontos de vista, o “cutting” ou a automutilação, como conhecemos, vem sendo tratada como: frescura, um modo de chamar atenção ou muitas vezes por pura loucura. Quando na verdade, a maioria das pessoas que praticam esse ato, o fazem como um silencioso pedido de socorro. A automutilação pode ser considerada como um tipo de mascara, que serve para amenizar a dor ou o sofrimento mental, e transformá-los em dor física para que assim se possa esquecê-los por determinado período de tempo.
Em uma entrevista com o psicólogo Darlindo Ferreira De Lima. Podemos entender um pouco mais sobre essa prática, que muitas vezes pode levar a uma dependência para se enfrentar o dia-a-dia

Qual sua opinião sobre a automutilação?

R= Veja só, a automutilação é um sintoma, a gente não pode confundir o sintoma com a causa. O que é o sintoma?  É aquilo que é aparente, é aquilo que a gente consegue perceber a respeito de algum processo. Por exemplo, a febre, é um sintoma de que algo está errado no corpo, muito provavelmente uma infecção, ou coisa do gênero. Então a automutilação é um sintoma, de processos que estão ocorrendo nessa pessoa, que precisam ser melhor investigados. Existem vários tipos de automutilação, e existem várias intensidades. Uma das mais conhecidas, que eu não recordo o nome agora, é a automutilação em relação ao cabelo. Em que as pessoas ficam tirando os cabelos, e muitos não só tiram como ficam mastigando e engolindo-os, tem um nomezinho que se dá a isso, mas não estou lembrando agora. Bem, eu acho que tem que ser feita uma investigação, talvez um diagnóstico, fazer uma contextualização da vida dessa pessoa, fazer um levantamento do contexto atual da vida dela, pra tentar entender quais os elementos, quais as questões conscientes e inconscientes, que estão contribuindo para que este sintoma apareça, mas a automutilação é uma coisa séria que precisa ter cuidado e que pode provocar danos sérios para esse indivíduo.
Como as escolas podem ajudar a combater essa prática? O que tanto os alunos quanto os professores a direção  podem fazer para ajudar?

R= Acho que a primeira coisa é conversar. O aluno tem que está aberto pra reconhecer que isso é um problema, precisa conversar com os pais, com alguém que possa ajudar. Os professores por sua vez têm que estar abertos para identificar o problema e conversar com a família, e quem sabe procurar uma ajuda especializada. Geralmente na Gerência Regional de Ensino ou na própria escola há acompanhamento psicopedagógico. Seja um pedagogo ou um psicólogo que entenda dessa questão, que busque um auxílio ou enviem a pessoa para procurar um acompanhamento. Em minha opinião não existe segredo, basta conversar e dialogar, reconhecer que há problemas, reconhecer que há uma limitação e que se precisa fazer alguma coisa. Isso de ter medo, ter preconceito, não querer falar...É feito uma bola de neve só vai volumar o problema.A pessoa que tem esse tipo de sintoma ela precisa de cuidado.
Em um segundo momento, fazer um trabalho preventivo de esclarecimento junto aos alunos. Por exemplo, um professor de biologia ou um pedagogo, podem fazer oficina onde levem esse tema como forma de esclarecimento. Primeiro o grupo do qual precisa ser cuidado, e depois vai trabalhando e apresentando para os demais grupos.

Como se pode identificar se alguém próximo sofre algum tipo de transtorno, não só o da automutilação, mas qualquer outro transtorno psicológico?
R= Depende muito do transtorno, depende muito da idade, depende muito do contexto.
A automutilação é visível, ou a pessoa está se cortando, ou a pessoa está tirando o cabelo, ou a pessoa... Enfim é aparentemente,percebe-se que tem alguma coisa errada. Então as pessoas que estão próximas, precisam estar atentas, eu acho que um grande problema da educação, é empurrá-la para o outro.Os pais empurram a educação pra escola, a escola por sua vez empurra a educação para o professor, o professor empurra para a escola, a escola empurra para o pedagogo, pedagogo devolve para o professor... Enfim, fica nessa. Todos têm uma responsabilidade. A responsabilidade não é só da escola, nem é só do professor e nem tão pouco é apenas da família. Todos esses atores sociais que estão envolvidos eles precisam conversar,eles precisam dialogar, e principalmente o aluno, o aluno é o maior interessado, o aluno é o que mais vai ganhar ou quem mais vai perder com essa história. Então não acho que tem receita de bolo, cada caso é um caso, cada sintoma é um sintoma. E a partir daí você vai conversando, e procurando uma solução para essas situações.
Qual a sua opinião, quem se automutila é uma forma de chamar atenção ou é realmente uma válvula de escape?

R=
Eu não sei, não da para julgar não dá para falar generalizadamente. Cada caso é um caso. O sintoma, volto a dizer ele é a expressão de algo que está ocorrendo, é como se fosse uma linguagem, que a gente não consegue identificar,de uma língua que precisa ser falada. Então nós temos que criar mecanismos para que o que está se expressando como sintoma de forma lingüística. Ou seja, a pessoa atribui nomes ou frases: “Eu estou triste”, “Estou angustiado”, entre outros. Mas não dá pra fazer, seria muito artificial esse tipo de leitura.

O que eu poderia fazer para dar continuidade ao projeto D.N.A?
R= Assim, eu acho que a sua intenção ela é muito boa, já de início, porque, só em falar sobre isso, só em problematizar sobre isso, você já vai fazer uma contribuição enorme para os alunos para a escola, para os pais... Etc. mas você tem que deixar claro para você o que realmente você quer, porque são grupos diferentes, com objetivos diferentes, com demandas diferentes.
As meninas e os meninos que estão fazendo isso estão precisando de cuidado. O grupo que não está fazendo e de repente está praticando bullying, está conhecendo essa situação, isso requer outra abordagem, que seria o esclarecimento.
Primeiro criar espaços para se discutir, que de uma maneira você já tem feito, é criar espaços para essa pessoa ser escutada, dentro da escola seria interessante, segundo, incentivar a escola a fazer um acompanhamento mais sistemático, da relação professor aluno, escola família, isso seria uma coisa interessante.
O que você pode fazer é criar essa discussão, é criar esse debate, criar mecanismos para que essas pessoas não se sintam tão sozinhas, dessas pessoas terem um lugar pra conversar. Vê se na tua cidade deve ter CRAS (Centro de Referência em Assistência Social), falar com as escolas pra fazer contato com os CRAS e as CREAS (Centro de Referência Especializada em Assistência Social), falar com a tua escola fazer contato com os NAFES... Ter algum trabalho para os adolescentes... Enfim, isso é um trabalho bacana.


Psicoterapeuta fala sobre as motivações por trás do autoflagelo



Mais do que chamar a atenção, o autoflagelo é um pedido de socorro. As feridas são dolorosos sinais em vermelho de que algo não vai bem. Antigamente, acreditava-se que era motivado apenas por rituais religiosos. Hoje, para a medicina, o transtorno esconde histórico familiar complexo e até mesmo predisposição genética. Os principais casos são registrados até os 24 anos. Apesar da incidência ser maior entre mulheres, homens também se mutilam. E, por desconhecimento, muitas famílias não enxergam os indícios. Para compreender melhor o transtorno, o Diario ouviu Betinha Fernandes, psicoterapeuta e pediatra especialista em hebiatria, área que estuda a saúde dos adolescentes.

Por que as pessoas se autoflagelam?

Antes de qualquer coisa, é preciso ter em mente que cada caso é um caso. Os quadros psíquicos não têm causa única. Tudo que sai do comum tende a ser considerado assustador, mas é preciso abrir os olhos para o que está acontecendo. Muitos pais pensam que os filhos se cortam para chamar a atenção, mesmo argumento que era utilizado para justificar tentativas de suicídio, mas minha leitura é diferente. Nesses casos, a dor emocional é tão grande que precisa ser esvaziada de alguma forma. É como um recipiente muito cheio que você tem que abrir a tampa para a água escoar. Metaforicamente, é isso que acontece. Há a transferência da angústia psicológica para a dor física. Tanto que muitas pacientes dizem sentir alívio imediato após a automutilação. É uma forma dessas pessoas mostrarem o que sentem. É como se elas dissessem: "Estou sofrendo, preciso de ajuda". Uma via de comunicação muito sofrida e que cria dependência.

Por que atinge, na maioria dos casos, os adolescentes?

Eles têm uma tendência natural de repetir o comportamento do grupo e ainda não estão com a personalidade formada. Muitas vezes, veem um colega fazer e acham que deve funcionar para eles. Quando um assume um comportamento diferente, tende a viralizar, e a globalização permite que isso seja divulgado. Na internet, há sites que ensinam o comportamento anoréxico, bulímico e até a como se suicidar. Nesta fase, não consideramos a automutilação como patologia, mas transtorno. Adolescentes são muito plásticos. Tem quem se corte uma vez e pare. Aqueles que se cortam apenas por um período. E tem os que se tornam dependentes. Se não houver tratamento, o quadro pode evoluir. Comportamentos parecidos são percebidos em pacientes que sofrem de bipolaridade e outras patologias. Além disso, quando não há mais alívio nos cortes, eles podem procurar outros métodos para se matar.

Quais são os sintomas da automutilação?
Essas pessoas costumam usar manga comprida mesmo no calor para esconder as marcas. Geralmente, abusam de substâncias químicas, seja álcool ou drogas. Também estão inseridas em um contexto familiar desgastado, tendem a se isolar e andar com grupos marginalizados. Há perda do interesse nas atividades, queda do rendimento escolar ou abandono dos estudos e agressividade. A depressão na adolescência é diferente da sofrida por adultos. Eles se expõem aos riscos. Mas é importante ressaltar que ter esses sintomas não significa que uma pessoa se mutile. Não significa nem que possuem um transtorno, de fato. Eles apenas revelam que algo não vai bem e precisa de atenção.

Um caso de automutilação foi registrado dentro de uma escola da Bomba do Hemetério. Como as instituições devem proceder diante de casos assim?

É essencial a integração do sistema educacional com o de saúde. É preciso que os professores se atualizem e tenham um olhar diferente sobre esses casos. Se as meninas estão se mutilando no banheiro, é preciso fazer uma intervenção. Temos que levar a discussão para a sala de aula e mostrar como encontrar ajuda. Parar de esconder. Os estudantes sabem o que está acontecendo, podem não compreender, mas sabem.

O que fazer ao perceber que seu filho ou amigo está se automutilando?

Primeiro, é preciso que os pais acreditem. É muito mais fácil minimizar os fatos do que tomar uma atitude e admitir que algo está errado. A base é procurar ajuda profissional. Ele vai interpretar e avaliar o caso. Com o tempo de terapia, os pacientes aprendem que os sentimentos ruins sempre vão aparecer, mas é preciso saber lidar com eles.

Essa reportagem foi retirada do site oficial do jornal Diario de Pernambuco

Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/vida-urbana/2015/03/23/interna_vidaurbana,567696/psicoterapeuta-fala-sobre-as-motivacoes-por-tras-do-autoflagelo.shtml