Automutilação
refere-se a comportamentos onde demonstráveis feridas são auto-infligidas. A
maioria das pessoas que se automutilam estão bastante conscientes de suas
feridas e cicatrizes e tomam atitudes extremas para escondê-las dos outros.
Eles podem oferecer explicações alternativas para suas feridas, ou tapar suas
cicatrizes com roupas. A pessoa que se automutila não está, usualmente,
querendo interromper sua própria vida, mas sim usando esse comportamento como
um modo de cooperação para aliviar dor emocional e desconforto.
Perfil
do automutilador
O
auto-mutilador tende a ter grandes dificuldades para se expressar verbal ou
emocionalmente, portanto, não consegue falar publicamente sobre suas angústias
nem chorar diante de outras pessoas. Essa dificuldade de expressão acaba, em
muitos casos, sendo um forte fator que desencadeia o comportamento
auto-mutilador. Alguns indivíduos afirmam que escrever (textos, poemas, contos,
músicas, etc.) lhes parece de grande ajuda, como uma forma de expressar suas
emoções, o que não conseguem fazer de outras formas. Desse modo, a necessidade
de se automutilar diminui significativamente.
Não
possui amor próprio e usualmente define a si mesmo como sendo "um lixo
humano, uma criatura insuficiente e fracassada, que não tem direito de conviver
com os demais". Desse modo, alguns tendem a se afastar da família e dos
amigos, buscando poupá-los do mal que presumem ser a sua presença. Com o tempo,
se veem executando sozinhos atividades que costumavam fazer em grupo.
Geralmente
afirmam automutilar-se com a intenção de interromper uma dor emocional muito
forte. A maioria alega se tratar "de uma espécie de troca, da dor
emocional pela dor física". Além disso, vários automutiladores se ferem
também como uma forma de punição, por se sentirem insuficientes e fracassados.
Todos eles descrevem o desejo automutilador como algo incontrolável, como um
vício do qual, ainda que queiram, não conseguem se libertar.
Logo
após uma crise, em que o automutilador fere o próprio corpo ou apresenta
qualquer outro comportamento autoagressivo, o sentimento que permanece é,
geralmente, de culpabilidade. O indivíduo geralmente chora muito e a sensação
de fracasso é extrema.
Possui
extrema dificuldade em falar sobre si mesmo, principalmente sobre a doença,
pois tem medo de não ser aceito, julgado ou incompreendido, pois a grande
maioria das pessoas que não passam pelo mesmo não compreendem este
comportamento e/ou a sua origem.
Constantemente
se descobre buscando feridas ou cicatrizes nos pulsos de outras pessoas, talvez
como uma forma de não sentir-se tão só ou de tentar ajudar essa pessoa, pois
sabe o quão mau é não ter ninguém que o ajude e compreenda.
Alguns
abandonam qualquer tipo de atividade em que seja necessária a exibição do
corpo, como ir à praia ou a um clube, para que suas feridas e cicatrizes permaneçam
ocultas e, desse modo, não tenham que falar sobre o problema nem corram o risco
de serem impedidos da prática.
Não
possui qualquer expectativa com relação ao futuro, pois se considera incapaz de
alcançar qualquer coisa realmente boa - razão pela qual se surpreende muito
quando alcança grandes feitos, como passar no vestibular ou conquistar o amor
incondicional de alguém que lhes interesse. Ainda que acontecimentos do gênero
lhes sejam de grande benefício, não são o bastante para que abandone as práticas
autoagressivas, o que faz com que retorne à mesma falta de expectativas a
respeito da vida.
Quando
o indivíduo consegue superar a doença, o primeiro problema com que se depara é
a sensação de vazio. Muitos ex-automutiladores afirmam que se tornaram incapazes
de qualquer sentimento comum ao ser humano, como ódio, raiva, indignação, medo,
insegurança, alegria, amor, etc. Sentem-se apáticos e desinteressados com
relação a qualquer assunto que os rodeie. "Se alguém morresse ao meu lado,
eu não daria a mínima" é uma sentença que bem traduz esse estado de
espírito. Tal sensação tem sido observada em vários indivíduos, porém, não se
estende por muito tempo. Ainda que tenha alguma recaída, o ex-automutilador
tende a sentir cada vez menos falta do comportamento autoagressivo e com o
tempo, o abandona completamente.
Embora
os automutiladores acreditem que sua prática faz com que passe a dor emocional
(ex. ódio, raiva, medo, culpa, etc.), essa é uma impressão falsa. O que ocorre
é que a dor emocional é suplantada momentaneamente pela dor física. Quando
perguntadas por familiares ou amigos, muitas pessoas respondem não saber por
que fazem isso.
Os
automutiladores, no geral, sentem compaixão por outras pessoas na mesma
situação e tentam ajuda-las, muitas vezes querendo que outros parem com este
comportamento mesmo que o pratiquem também.
fonte; http://pt.wikipedia.org/wiki/Automutila%C3%A7%C3%A3o